top of page
WhatsApp Image 2021-10-04 at 10.06.34.jpeg

Vladlena Blyudina, ou Vlada Serra como é mais conhecida pelo ISMAT, licenciou-se em Direito em 2019. Foi Presidente do NEDISMAT por três mandatos, entre 2016 e 2019, onde fez um trabalho exemplar em reavivar o Núcleo, do qual destacamos a organização de  dois Congressos de Direito com oradores de excelência que elevaram o nome do nosso Curso.

O que te levou a escolher Direito? Sempre tiveste este curso em mente?

 

Para mim sempre foi um sonho, construído desde pequena com muita influência também do meu pai relativamente a esta área. Lembro-me de ter cerca de 5 anos e brincar aos juízes, na minha secretária fingia que tinha ali processos, algo que não é muito comum de se ver numa menina com aquela idade. Depois de ele falecer tornou-se mesmo um objetivo conseguir concluir o curso. Por sua vez, depois de entrar apaixonei-me pela área, poderia ter sido um daqueles objetivos em que depois de experimentar via que não tinha a ver comigo, mas não, fez todo o sentido para mim.

E quando terminas o secundário, certa de que vais seguir Direito, o que te leva a escolher o ISMAT?

Eu já tinha ouvido falar do ISMAT, mas havia sempre um certo estigma por ser uma universidade privada e a única do Algarve com Direito. Ouvimos dizer que as universidades boas são só em Lisboa, Porto e Coimbra e as restantes não são tão capazes de nos formar. Mas, decidi contrariar essas opiniões e, somando ao facto de ter uma família muito unida desde que o meu pai faleceu, também não me sentia capaz de ir para muito longe e perder esse elo de ligação. Por esse motivo acho que nem pensei duas vezes, quando soube que havia o curso que eu queria aqui em Portimão, fez todo o sentido para mim.

Entras para o ISMAT em 2015 e, depois dos 4 anos, o que é que sentes que te marcou mais nesta licenciatura?

Bem, por ser uma universidade mais pequena isso traz muitas coisas boas como a proximidade entre os alunos de todos os anos, entre alunos e Professores e a própria disponibilidade da Direção em ajudar-nos com qualquer situação. Na minha opinião isso é muito benéfico porque se precisas de algum apoio tens sempre algum colega conhecido que está num ano mais avançado e que te vai ajudar, consegues ter uma ótima comunicação com colegas de outros cursos também e acho que isso é importante. Parece-me que numa universidade maior não ia ser possível conhecer nem metade dos colegas dos vários anos, nem ter esta proximidade com os Professores como temos no ISMAT, em que se tivermos algum problema ou alguma dúvida conseguimos contactar diretamente com eles - estão sempre disponíveis para nos ajudar.

Além disso, claro que o que me marcou mais foi o NEDISMAT por tudo aquilo que foi possível alcançar, desde os Congressos de Direito às viagens que fizemos até à Assembleia da República, Tribunal Constitucional e tudo mais, penso que criámos uma boa dinâmica no curso.

Quando terminaste o curso, o que pretendias fazer?

Quando eu entrei, o meu plano era fazer a licenciatura, tirar o Mestrado e seguir diretamente para o CEJ, porque o meu objetivo sempre foi esse. Mas depois ao longo do curso fui-me apercebendo que se fizesse assim iria para a magistratura muito nova e com pouca experiência, então ponderei que antes do Mestrado talvez devesse ir para advocacia, até porque dá para ingressar no CEJ pela via profissional e talvez essa experiência prática me fosse facilitar um bocadinho.

Mas quando terminei o curso, honestamente senti-me um bocadinho perdida, sem saber bem o que realmente queria fazer porque, por um lado não me via a exercer advocacia, não era algo que fizesse sentido para mim e não me ia sentir feliz a estar um ano e meio a estagiar e ser mais esse tempo que estava longe de passar à prática. Além disso também via muitos colegas numa correria para encontrar sítio onde estagiar, nas implicações económicas porque a licenciatura já tem os seus custos e além disso ainda era preciso pagar uma quantia bastante considerável para ingressar na Ordem .

Por isso fiquei ali num período de dúvida. Entretanto passado cerca de um mês surgiu a oportunidade de trabalhar como jurista e eu pensei “porque não?”, achei que seria um ótimo momento para aprender, conhecer novas pessoas, ver a área que verdadeiramente me interessa, sendo que esta última me surpreendeu porque quando estamos a estudar achamos que vamos gostar de exercer determinadas áreas e depois chegamos à prática e não é bem assim. E o contrário também aconteceu, enquanto estudava não achava tão cativante o Direito Administrativo ou do Urbanismo, mas depois de começar a ver como funciona na prática já não me imagino a trabalhar noutras áreas sem ser essas. E assim foi, vou agora para o meu terceiro ano enquanto jurista e estou muito satisfeita profissionalmente. Claro que existem sempre portas abertas, mas neste momento sinto-me muito bem por estar a fazer aquilo que gosto e ter conseguido atingir já uma estabilidade financeira que talvez ainda não teria se tivesse ido estagiar, ainda por cima num período de pandemia como este. Estou constantemente a aprender, conheço várias pessoas todos os dias, trabalhamos com sociedades de advogados e isso motiva-me porque não estou sentada numa secretária sempre a fazer o mesmo.

Como descreverias o dia a dia da Vlada jurista, num contexto prévio à pandemia que veio a alterar temporariamente muitas coisas?

Eu trabalho com muitas entidades públicas, câmaras municipais, por exemplo, porque temos muitos projetos de urbanismo, etc., então tenho que organizar bastante bem o meu dia, desde focar-me mesmo na área do urbanismo e preparar processos ou o que for necessário, e na outra parte do dia tenho que preparar-me para as empresas, a parte do direito administrativo e tudo mais. Antes da pandemia por exemplo, aproveitava as manhãs para ir às entidades públicas, o que durante a pandemia já só acontecia por telefone ou e-mail, e da parte da tarde acabava por ser o trabalho mesmo de escritório, preparar tudo o que fosse necessário para os dias seguintes. Tem dias que são muito corridos, em que da parte da manhã já fiz imensas coisas, e outros mais leves, em que chega a não ser necessário ir a algum lado e faço o meu trabalho no escritório tranquilamente, vai variando.

Quais são as tuas expectativas para o futuro? Ainda tens em mente a Magistratura?

Não é algo a que eu fechei portas. Aliás, recentemente inscrevi-me num curso de preparação para o CEJ, não que tencione entrar já, mas porque faz sentido para mim estudar, conseguir perceber melhor como funciona o CEJ e acho que é sempre uma mais valia trabalharmos no nosso currículo. Vou então fazer o curso nos próximos meses, para o ano tenciono ingressar no Mestrado e depois com isso tenho várias portas abertas.

Não esqueci a Magistratura, mas também gostava muito de trabalhar numa entidade pública porque gosto bastante desta área, algo que nunca pensei que fosse gostar. Neste momento sinto-me bem com aquilo que faço, consigo estar a estudar ao mesmo tempo e a aprender. O dia em que eu achar que preciso de algo mais, vou em busca desse “algo mais”, porque nunca fui pessoa de estar parada.

Qual é o conselho que gostarias de dar aos alunos e que gostavas que tivessem dito à Vlada de 2015?

Acho que é muito importante aproveitarem o curso, porque acaba muito depressa. Sei que às vezes pensamos “isto nunca mais acaba”, mas a verdade é que vamos sentir muita falta desses anos. Consigam interiorizar o máximo de informação que conseguirem. Nós saímos do curso e parece que nos esquecemos de algumas coisas básicas. Na altura podíamos pensar porque é que estávamos a aprender X ou Y em Introdução ao Direito ou outra disciplina qualquer e mais tarde pensamos porque é que não demos tanta importância a essa disciplina. Aproveitem muito os profissionais que estão connosco a ensinar-nos, que nos podem também abrir muitas portas e ajudar no nosso futuro, e não fechem os horizontes, estejam disponíveis a tudo o que está ao vosso alcance e não vão atrás do que os outros dizem. Para mim sempre fez sentido fazer o que se gosta, porque se estivermos contrariados vamos andar a batalhar contra nós mesmos e facilmente desmotivamos e somos infelizes.

 

Vlada, agradecemos imenso a tua disponibilidade para fazer esta entrevista e desejamos-te os maiores sucessos na vida, pessoal e profissional!

bottom of page